domingo, 20 de maio de 2012

REPENTE CONQUISTA JOVENS


Iguatu A história registra que o berço da cantoria de viola no Nordeste é a Serra do Teixeira, na Paraíba. Região de onde saíram grandes repentistas e poetas populares. Atualmente, as novas sementes da arte de improvisar versos brotam do Município de Aurora, localizado na região do Cariri cearense. E é do Sítio Oiticica que veio o mais jovem repentista do Brasil, Alex Luna, 9 anos, que já fez várias apresentações em festivais, na TV e sonha em seguir a carreira de violeiro repentista.
Recentemente, Alex empolgou o público de mais de 500 estudantes do Instituto Federal de Educação Tecnológica do Ceará, campus de Iguatu. Fez apresentações ao lado de um dos maiores repentistas do Brasil, Oliveira de Panelas. À noite, voltou a se apresentar na gravação do DVD de dez anos de carreira do repentista, Jonas Bezerra, no Teatro Pedro Lima Verde, também, nesta cidade.
Alex divide o palco de apresentações com vários violeiros, mas tem trabalhado, nos últimos meses, ao lado de outro jovem repentista da cidade de Aurora, Cícero Cosme, 21 anos. “Observo que ele está em formação e tem um grande futuro pela frente”, disse Cosme. “É dedicado, quer aprender e não teme enfrentar o palco e a plateia”.
Os elogios não cessam entre os principais nomes da viola. Oliveira de Panelas foi franco: “Fiquei admirado com a capacidade, o jeito dele, que está começando muito bem”. Oliveira de Panelas disse que o Nordeste vive um período de renovação de repentistas e lembrou alguns com menos de 25 anos de idade que já estão com carreira consolidada: Acrísio de França, Raulino Silva, Lázaro Pessoa, Jonas Bezerra, Joás Rodrigues, João Lídio, Cícero Cosme.
Os violeiros com mais experiência e idade apoiam e incentivam Alex Luna, que foi batizado com o nome de Alex Pereira da Silva. “Sempre queria cantar, pegar no microfone e quando via os violeiros fazendo apresentações ficava empolgado”, contou o jovem repentista. Aluno do 5º ano da Escola de Ensino Fundamental Monsenhor Vicente Bezerra, Alex tenta conciliar o início da carreira com os estudos. “Vou continuar estudando porque é preciso ter conhecimento, informação para ser um bom repentista”, disse. “Todos dizem que eu não posso parar de estudar e me incentivam a seguir a carreira de violeiro”.
O pai, Raimundo Gomes da Silva, mais conhecido por Nonato, é violeiro, mas parou há 10 anos de participar de cantorias. “Não tenho leitura e não desenvolvi, por isso parei de fazer apresentações”, explicou. “Faço versos apenas em casa e em roda de amigos”. Nonato vê no filho, Alex, a continuidade da arte de improvisar versos populares. “Da minha parte, ele tem total apoio, mas não quero que ele pare com os estudos”.
Todos os sábados, Alex Luna faz apresentação no programa ´Viola, cultura e repente´, em uma emissora de rádio da cidade de Aurora, que vai ao ar das 11h30 às 12 horas. E é o pai que faz o percurso de 18km ao lado do filho do Sítio Oiticica à cidade. Alex tem sete irmãos, quatro homens e três mulheres, e é o único que apresentou vocação para a arte de improvisar versos rimados ao som da viola. Foi descoberto pelo repentista Ismael Pereira, que viu uma demonstração de Alex na casa de um tio.
Apresentação na TV
Apesar de jovem e principiante na arte do repente, Alex já fez apresentações no programa “Ao som da viola”, apresentado por Geraldo Amâncio, na TV Diário, e participou de programas de rádio e de apresentações em festivais e cantorias em várias cidades do Ceará. “Para ser um bom repentista é preciso o dom e o esforço em estudar e adquirir conhecimentos gerais”, observa o repentista Jonas Bezerra, apontado com um dos melhores da nova geração. Em julho, vai fazer apresentações em João Pessoa, na Paraíba, a convite do violeiro, Oliveira de Panelas.
Alex Luna não pensou duas vezes e aceitou o convite. “Para onde me chamarem estou indo fazer apresentações”. Revela que dentre as modalidades do repente prefere a sextilha por ser mais fácil de criar e cantar. “É um artista que está se preparando e mostra ter muito talento”, frisou Joás Rodrigues. Os repentistas mostram que a atividade tem espaço entre a geração jovem e de maior idade. As novas tecnologias e as mudanças de hábitos e costumes não afetaram a cantoria de viola que permanece atraindo público jovem.
HONÓRIO BARBOSA (REPÓRTER)

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