Todas as pessoas, e em especial os jovens, gostam
de se divertir: ouvir músicas, dançar, ler livros, ver filmes, peças de teatro,
enfim, de todo tipo de atividade cultural.
Mas, o que temos hoje
de alternativa cultural para os jovens? Temos músicas que chamam as
mulheres de cachorras, potrancas e outros adjetivos degradantes; músicas
que colocam a mulher como objeto sexual; danças em que as mulheres ficam seminuas
rebolando, numa clara banalização do sexo; filmes enlatados que mostram como é
“boa” a vida nos Estados Unidos e por que devemos nos submeter ao imperialismo;
filmes que apresentam o povo brasileiro como um povo culturalmente pacífico,
além de inúmeras reportagens de televisão que colocam grandes líderes
revolucionários como revoltados movidos por causas pessoais e não comprometidos
com o bem da humanidade.
Hoje o que há de mais
popularizado em termos de meios de comunicação de massas é a televisão. Por
isso esta é também a forma mais eficiente de difusão cultural, porque
atinge o maior número de pessoas. Assim, a televisão se tornou para a burguesia
o principal veiculador de sua ideologia, seus modismos e de toda a
decadência e podridão a que chegaram os velhos e reacionários exploradores.
E por que fazem isso?
A ideologia dominante, historicamente, da antigüidade até os nossos dias,
é sempre a ideologia de quem está no controle do Estado, quem está no poder. E
quem tem o poder do reacionário Estado brasileiro hoje, em nosso país, são a
grande burguesia e os latifundiários, classes serviçais do imperialismo. A
cultura, como forma ideológica, é reflexo da economia e da política da
sociedade e, por sua vez, influi e atua em grande medida sobre estas. Portanto,
a cultura que nos é passada hoje, nada mais é do que a cultura das classes
dominantes, da grande burguesia e dos latifundiários, produzidas pelas relações
de produção desta sociedade. Ao mesmo tempo a cultura também atua e influencia
para que essas classes continuem no poder.
Essa cultura que nos
é imposta, tem como um de seus objetivos tergiversar e negar a verdadeira
cultura de nosso povo, suas raízes, sua história. Tentar barrar nosso ímpeto
revolucionário é também um dos nefastos objetivos desta cultura, para que
acreditemos na sua ideologia, que justifica a exploração e a opressão; para que
não nos revoltemos contra essa situação de miséria em que vive o nosso
povo.
A cultura da grande burguesia é a cultura
imperialista; é a manifestação cultural que contém e justifica idéias
escravisadoras; dado que nosso país tem caráter de semi-colônia, principalmente
do imperialismo norte-americano. A cultura da classe latifundiária é a
semi-feudal, que demonstra cultuar o velho, as velhas tradições e o velho código
moral. A predominante e a principal em nossa sociedade atualmente é a cultura
imperialista.
A crise capitalista e
sua decadência cultural
O capitalismo está em
crise, e suas crises são cíclicas. Da mesma forma, as manifestações de cultura
desta sociedade também tem voltas e crises. Isso se manifesta na existência dos
modismos. Há algum tempo, era axé-music, no estilo “Tchan”, com suas
danças da bundinha, e danças da garrafa. A pouco tempo atrás era o forró, que
deixando de lado a sua tradição popular, foi totalmente modificado. E
agora mais recentemente é o funk que, como todos os ritmos negros, saído dos
guetos e favelas é veiculado atualmente como moda, expressando hoje o que
há de mais podre nesta cultura que tentam nos impor.
E como as crises do
sistema, as crises culturais tendem a ser cada vez pior, cada vez mais podre,
mais aprofundado na ideologia de exploração, pois a medida que vai piorando as
condições de vida do povo, a grande burguesia busca, mais ainda, na
cultura uma tentativa de segurar as massas, para que estam não se libertem toda
a sua revolta contra esse sistema e façam revolução. Por isto buscam mostrar
que as coisas sempre foram assim e que nunca vão mudar; que sofremos aqui para
vivermos bem na outra vida. E sem que percebamos, ao falar que a mulher é
burra, que o negro é incompetente e de outras parcelas da sociedade, tenta
dividir as forças da classe proletária, pois sabem que desunidos somos mais
fracos e temos menos chances de conseguir tomar-lhes o Poder.
Mas ao mesmo tempo em
que se aprofunda essa cultura reacionária, da grande burguesia, cria na
sociedade uma repulsa, uma resistência crescente e uma série de manifestações
contrárias à utilização da imagem da mulher como objeto, à banalização do sexo,
enfim, uma tentativa de rompimento com essa cultura que nos é imposta, o que é
ao mesmo tempo uma tentativa de buscar a cultura popular.
Utilizando-se das
formas populares de expressão em sua podre cultura, a burguesia nos passa uma
falsa cultura popular. O que chamam cultura popular hoje não passa de uma
variante da cultura da ideologia dominante.
Resgatar a verdadeira
Cultura Popular
O que queremos é
resgatar a nossa cultura, cultura verdadeiramente popular, que surgiu e se
desenvolveu no decorrer de nossa história, de nossa nação, e da luta de classes
de todos os países. Esta é muito pouco conhecida; somos privados totalmente
dela. Cultura que fala da vida do povo, de sua labuta diária, de nossas
batalhas heróicas, de nossas lutas pela transformação da sociedade, dos puros
sentimentos humanos – não como mercadorias, sem banalização.
Nosso objetivo vai
além de resgatar a cultura popular brasileira; queremos forjar uma nova cultura
de nosso povo. Uma nova cultura que seja fruto da ideologia do proletariado,
que esteja de acordo com a nova economia e a nova política que propomos para a
sociedade. Cultura científica que busque a verdade nos fatos. Cultura das
massas para as massas.
A cultura da Nova
Democracia é a cultura anti-imperialistas e anti-feudal das massas
populares, baseada na aliança operário-camponesa, que combate a cultura
reacionária e o imperialismo. Nova cultura que propagandeia a cultura popular e
a Nova Democracia.
E, nesse intuito,
viemos tendo experiências tanto no teatro quanto na música, de resgate da
cultura popular e introdução de uma nova cultura. Nosso trabalho mais
recente é a peça teatral chamada “Tão Heróico Destino”, que fala da vida dos
camponeses pobres, de sua tomada de consciência, desde o primeiro contato com a
organização de luta pela terra; da tomada da terra e de um futuro, nem
tão distante, da luta pela tomada do poder. Uma pequena parte desta peça foi
apresentada na Assembléia Nacional dos Estudantes do Povo.
Esse trabalho ainda
está só começando; convocamos a todos a se integrarem nele. Essa luta é por uma
nova cultura, mas vai mais além: constitui uma importante parte na luta
pela transformação de toda a sociedade.
Movimento Estudantil Popular Revolucionário
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