É inadmissível o que vem acontecendo em Barbalha na parte cultural.
Parece até que não temos mais noção do que é e o que não é cultura popular. Ando
muito preocupado e essa minha preocupação me força a uma reflexão sobre os
fundamentos da nossa cultura. Sobre o autoritarismo intrínseco de determinadas
pessoas que nunca fizeram cultura e hoje se acham no poder e começam a
perseguir , implacavelmente, justamente as pessoas que mais têm feito em prol
dela. Parece até que estamos vivendo a ditadura militar onde não podíamos
expressar nossos sentimentos e expor nossas idéias culturais. Não tenho culpa de
ter nascido em um bairro eminentemente cultural, onde a cultura flui das veias das
pessoas pobres, cheias de idéias e ricas de sabedoria, educação e simplicidade.
Esta semana, fui pego de surpresa onde tive de abortar um
projeto inovador para Festa de Santo Antônio, “O Trem do Forró”. Senti-me em
pleno golpe militar de 1964, onde muitas experiências promissoras no plano
cultural foram interrompidas. O Projeto Trem do Forró seria a grande sensação e
novidade da cultura popular do nosso município que há anos não se renova. Primeiro
disseram que o Trem daria conotação carnavalesca, o que não é verdade. Carnaval são os bonecos gigantes que vão colocar andando no dia do pau da bandeira. Depois disseram
que não tinha nada haver com a Festa. O que não tem haver com a Festa são os palhaços PATATI E PATATÁ. inventaram também que o Trem não teria como circular na cidade. E por último forçaram o proprietário do mesmo a desistir do aluguel a minha pessoa. Conseguiram castrar um projeto
extremamente inteligente e promissor, e aí temos um processo ditatorial, uma
ditadura que se implanta, um regime forte que sinto a cada dia uma tendência de
restringir e limitar as liberdades de expressões do nosso povo.
É no que dá colocar pessoas sem nenhuma expressão cultural
numa pasta tão importante como a Secretaria da Cultura do nosso município. Digo
sem medo de errar. Perguntem ao atual Secretário se Ele sabe quem são: Liduina, Lindete, Pedro Paró, Chico Severo, Zé
Antonio? Ou qual foi a atividade cultural
que o mesmo desenvolveu nesses últimos dez anos? Quero que me digam apenas uma.
Me sinto muito ofendido e magoado. Pensei em substituir o Trem por um Pau de Arara, mas me aquietei, pois seria com certeza mais uma vez proibido com o argumento de que o caminhão não pode conduzir pessoas na carroceria.
Me sinto muito ofendido e magoado. Pensei em substituir o Trem por um Pau de Arara, mas me aquietei, pois seria com certeza mais uma vez proibido com o argumento de que o caminhão não pode conduzir pessoas na carroceria.
Sei que estas minhas declarações trarão mais penalizações a
minha pessoa. Com certeza nosso grupo de Forró pé de serra ficará fora da Festa
do povo Barbalhense. Porém já estou acostumado a estas sanções. A principal consequência
que vejo a partir de agora é bastante drástica: como Barbalha não está vivendo
uma sociedade democrática e não está se qualificando para conviver com sua
própria pluralidade, vão se generalizar fenômenos extremamentes destrutivos,
entre eles a perda da nossa identidade cultural, o que é uma pena.
Aqui fica o desabafo, lamento e imploração de uma pessoa que
faz cultura desde quando nasceu, Panticola.
DOUTOR TRAGA O TREM DE VOLTA!
DOUTOR TRAGA O TREM DE VOLTA!
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