domingo, 11 de março de 2012

ROMANCE SOBRE A PRIMEIRA CANGACEIRA BRASILEIRA FOI LANÇADO NA BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA


No último dia 9 de março (sexta-feira), foi lançado na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, nos Barris, o livro Anésia Cauaçu, do escritor e jornalista jequieense Domingos Ailton. A obra é um romance histórico, social e regionalista, que tem como protagonista uma mulher que esteve à frente do seu tempo.
Anésia foi a primeira mulher no sertão baiano de Jequié a ingressar no cangaço, a liderar um bando de cangaceiros, a praticar montaria de frente, já que as  mulheres de sua época  montavam de lado em uma sela   denominada silhão, e a vestir calças compridas (as mulheres do período em que ela viveu  apenas usavam vestidos e saias)  nos momentos de combate para facilitar  o enfrentamento  de jagunços dos coronéis  e  das tropas policiais, além de ter sido  a primeira mulher branca a lutar capoeira, antecedendo mulheres como Maria Bonita, Dadá e Lídia no cangaço.
“Este romance nasceu de um desafio feito pelo amigo e confrade da Academia da Letras de Jequié, o historiador Émerson Pinto de Araújo, que, em seu livro Capítulos da História de Jequié, afirmou que Anésia Cauaçu necessitava ser relembrada e reapreciada e que isso era um desafio para os estudiosos e ficcionistas da atual e futuras gerações. Anésia tem uma dimensão tão grande que não cabe apenas nos estudos sociológicos. Por isso, resolvi escrever este romance, baseado em fatos reais, mas que tem muito do imaginário individual e coletivo. A ficção tem este poder de representar o imaginário”, conta o escritor Domingos Ailton.
Diversos capítulos têm como base fontes históricas – os jornais  A Tarde e Diário de Notícias do período da República Velha, principalmente dos anos de 1916, 1917, 1920  e 1930. “O arquivo de jornais antigos e o projeto que possibilitou acessar através de terminais de computadores edições antigos do jornal A Tarde, que existem na Biblioteca Pública do Estado da Bahia foram essenciais como fonte para que pudesse escrever este romance histórico”, ressalta o romancista.
O livro se reporta à formação de Ituaçu, antigo Brejo Grande e às brigas de duas famílias da localidade: os Silvas, chamados de “rabudos”, e os Gondins, denominados de “mocós”. O major Zezinho dos Laços (um dos líderes dos “rabudos”) exige que Augusto Cauaçu acompanhe seu grupo de jagunços em uma emboscada contra a família Gondim. Por conta da recusa de Augusto, este é assassinado a mando de Zezinho dos Laços. Então, a família Cauaçu se reúne e resolve vingar a morte, assassinando Zezinho dos Laços seis anos depois em uma tocaia na Fazenda Rochedo, com uma bala feita do chifre de um boi preto, que fora confeccionada pelo pai de santo Heitor Gurunga, um sacerdote da religiosidade afro que cuidava do povo pobre da região. O irmão de Zezinho, Cassiano do Areão, o cunhado, coronel Marcionílio de Souza e o filho deste, Tranquilino de Souza, passam a perseguir e matar membros da família Cauaçu e do bando de cangaceiros que acompanha o grupo, comandado por Anésia e seu irmão José Cauaçu.

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