Foto: AntônioVicelmo |
A bandeira com a imagem de Santo Antonio já está tremulando em frente à Igreja Matriz da Barbalha, anunciando que a cidade está em festa. É a imagem, em tamanho grande, de todas as cidades do interior que transformam as festas religiosas em oportunidades de encontros, confraternização e, sobretudo, num ato devocional a Santo Antônio, o padroeiro. É o sincretismo religioso que aqui aportou, na época da colonização, misturando o profano e o sagrado com as crendices de negros, índios e brancos.
A grande diferença é a dimensão da festa que é aberta com o carregamento do pau da bandeira, uma tradição que, de acordo com a coordenação do evento, reúne cerca de 300 mil pessoas. O tronco da "rama branca", com 23 metros de comprimento e pesando mais de duas toneladas, foi transportada, nos ombros dos devotos de Santo Antonio, do Sítio São Joaquim, a 7km da sede da cidade, para a Praça da Matriz, onde a bandeira de Santo Antônio foi hasteada. O carregamento aconteceu de 12 às 22 horas, aproximadamente, com a participação de cerca de 200 homens. Neste ano, eles reclamaram do peso da árvore. Por isso, a bandeira só foi hasteada após cerca de 10 horas de sacrifício.
A caminhada foi antecedida de um ritual, que faz parte da devoção dos carregadores. Ao meio dia, de mãos dadas, eles rezam o Pai Nosso, em torno da madeira. Este ano, a oração foi puxada pelo novo vigário de Barbalha, Cícero Alencar, que assumiu a paróquia há menos de um mês, em substituição aos padres Salvatorianos, que estiveram no comando da Matriz de Santo Antonio durante 65 anos. No final da oração, o padre pediu a proteção do Santo para que não houvesse nenhum acidente durante o trajeto.
Em seguida, sob o comando do "capitão do pau", Rildo Teles, o tronco foi carregado nos ombros dos devotos de São Antônio, que vão se revezando ao longo dos 7Km de percurso. Pelo menos, seis acidentes com ferimentos leves foram registrados. No início da noite, a Polícia disse que aconteceu dois atentados à bala, porém autores e vítimas não foram identificados, devido a intensa movimentação de pessoas.
Cachaça
O cortejo é puxado por uma carroça, com duas pipas de aguardente, "A Cachaça do Seu Vigário", distribuída com os carregadores. De acordo com Cícero Bernard, conhecido por "Federal", que há 23 anos conduz a carroça, são consumidos cerca de 300 litros de cachaça durante o trajeto. "Quem mais bebe são as mulheres. Quem mais dá trabalho são os homens, que chegam aqui metidos a valente. Uma vez, em briguei com seis elementos", lembra. Na medida em que o cortejo se aproxima da cidade, a multidão aumenta. Um carro de som orienta a condução do pau.
A cada 100 metros, a madeira é jogada no chão. As moças solteiras aproveitam o momento de descanso dos carregadores para tocar na madeira na esperança de encontrar o "príncipe encantado". Segundo a crendice popular, a moça que pega no pau da bandeira não passa mais de um ano sem casar. Algumas exageram se sentam no tronco.
Por conta dessa crendice, a devota Maria Elisa Leite Granjeiro já casou três vezes. "O quarto casamento já está apalavrado, vai depender de Santo Antonio", garante. Ao revelar esta promessa, Elisa justifica que os casamentos anteriores não deram certo por causa da Lei Maria da Penha. "Santo une e a Lei separa", complementa.
Já era noite quando o mastro foi fincado em frente à Igreja Matriz. É o último ato de um espetáculo protagonizado apenas por homens simples que transformam força bruta em devoção ao padroeiro. O funcionário público aposentado, Raimundo de Souza, diz que já transportou o pau. Hoje, com mais de 70 anos, só acompanha de longe. Com a chegada na Matriz, a festa toma outro aspecto. A Igreja Católica assume o comando das cerimônias religiosas com procissões, trezenas, leilões e missas.
A caminhada foi antecedida de um ritual, que faz parte da devoção dos carregadores. Ao meio dia, de mãos dadas, eles rezam o Pai Nosso, em torno da madeira. Este ano, a oração foi puxada pelo novo vigário de Barbalha, Cícero Alencar, que assumiu a paróquia há menos de um mês, em substituição aos padres Salvatorianos, que estiveram no comando da Matriz de Santo Antonio durante 65 anos. No final da oração, o padre pediu a proteção do Santo para que não houvesse nenhum acidente durante o trajeto.
Em seguida, sob o comando do "capitão do pau", Rildo Teles, o tronco foi carregado nos ombros dos devotos de São Antônio, que vão se revezando ao longo dos 7Km de percurso. Pelo menos, seis acidentes com ferimentos leves foram registrados. No início da noite, a Polícia disse que aconteceu dois atentados à bala, porém autores e vítimas não foram identificados, devido a intensa movimentação de pessoas.
Cachaça
O cortejo é puxado por uma carroça, com duas pipas de aguardente, "A Cachaça do Seu Vigário", distribuída com os carregadores. De acordo com Cícero Bernard, conhecido por "Federal", que há 23 anos conduz a carroça, são consumidos cerca de 300 litros de cachaça durante o trajeto. "Quem mais bebe são as mulheres. Quem mais dá trabalho são os homens, que chegam aqui metidos a valente. Uma vez, em briguei com seis elementos", lembra. Na medida em que o cortejo se aproxima da cidade, a multidão aumenta. Um carro de som orienta a condução do pau.
A cada 100 metros, a madeira é jogada no chão. As moças solteiras aproveitam o momento de descanso dos carregadores para tocar na madeira na esperança de encontrar o "príncipe encantado". Segundo a crendice popular, a moça que pega no pau da bandeira não passa mais de um ano sem casar. Algumas exageram se sentam no tronco.
Por conta dessa crendice, a devota Maria Elisa Leite Granjeiro já casou três vezes. "O quarto casamento já está apalavrado, vai depender de Santo Antonio", garante. Ao revelar esta promessa, Elisa justifica que os casamentos anteriores não deram certo por causa da Lei Maria da Penha. "Santo une e a Lei separa", complementa.
Já era noite quando o mastro foi fincado em frente à Igreja Matriz. É o último ato de um espetáculo protagonizado apenas por homens simples que transformam força bruta em devoção ao padroeiro. O funcionário público aposentado, Raimundo de Souza, diz que já transportou o pau. Hoje, com mais de 70 anos, só acompanha de longe. Com a chegada na Matriz, a festa toma outro aspecto. A Igreja Católica assume o comando das cerimônias religiosas com procissões, trezenas, leilões e missas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário