O SOM AO REDOR
Presença
de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos
moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade
trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão.
Ao mesmo tempo, casada e mãe de duas crianças, Bia (Maeve Jinkings) tenta
encontrar um modo de lidar com o barulhento
cachorro de seu vizinho.
O
Som ao Redor não é um filme que precisa gritar para ser ouvido, não precisa de
grandes cenas dramáticas para chegar ao seu objetivo ou mesmo para contar uma
história. Evolui um relacionamento amoroso para pouco depois dizer que ele
terminou sem se dar o trabalho de mostrar o fim ao espectador, que, por
incrível que pareça, ainda assim se dará por satisfeito, afinal está claro para
ele desde o início de que a vida dos personagens não é o foco da trama, mas sim
a rotina de uma comunidade.
Bonito,
divertido, assustador e cativante. O Som ao Redor é um dos melhores filmes
brasileiros dos últimos tempos. Talvez o mais impressionante desde Cidade de
Deus. Celebra o cinema de gênero de John Carpenter ao mesmo tempo em que
investe em um tom mais realista. É passado no Recife, no bairro em que o
próprio diretor vive, mas também poderia ser passado em qualquer grande cidade
do mundo, onde as relações sociais estão cada vez mais marcadas pela paranoia e
pela impessoalidade. Não deixe de assistir e escutar o longa.