sábado, 23 de março de 2013

Defensoria intermedia polêmica sobre Judas


NE - O Pastor Silas Malafaia vai mesmo ser o Judas do Crato

Crato. Após o resultado da eleição do personagem que, neste ano será o Judas do Crato, um questionamento está sendo abordado pela organização do evento e lideranças religiosas locais. O pastor, Daniel Batista, da igreja Madureira Assembleia de Deus, instalada no Crato, procurou a Defensoria Pública do Estado do Ceará para reclamar sobre a realização da festa de Malhação do Judas, que será realizada no próximo dia 30, pela Sociedade Cariri das Artes.

Durante a reunião na Casa de Conciliação, o pastor Daniel Batista solicitou a retirada do nome e da imagem de Malafaia na promoção FOTO: YACANA NEPONECENA

Segundo ele, a escolha do nome do também pastor, Silas Malafaia, para simbolizar o Judas fere os princípios da religião, já que o eleito pelo voto de 4.300 pessoas como personagem que mais incomodou a população cratense com seus posicionamentos considerados homofóbicos é representante nacional da comunidade evangélica da Assembleia de Deus.

A polêmica tomou força nas redes sociais e teve a adesão das duas correntes, tanto a da comunidade evangélica, que não aceitou a escolha do nome Silas Malafaia- O Pastor Homofóbico, como a dos artistas e demais participantes envolvidos no evento que condenam as atitudes preconceituosas do líder evangélico, com relação aos homossexuais. Na manhã de ontem, uma conciliação foi realizada pelo mediador e defensor público, Emanoel Leal de Santana, mas, ainda não houve consenso entre o pastor Daniel Batista e o coordenador da Malhação do Judas, o dramaturgo Cacá Araújo. Devido às duas partes representarem um coletivo e não se sentirem legitimadas a tomar atitudes imediatas, na próxima terça-feira (26) acontecerá uma nova tentativa de acordo.

Por acreditar que a Malhação do Judas é uma festa preconceituosa e que poderá difamar publicamente a imagem de Silas Malafaia, o pastor Daniel Batista solicitou a retirada do nome e da imagem do mesmo da celebração. Ele enxerga que a explosão do boneco é um ato que pode disseminar a violência.

"Não temos nenhuma queixa contra a organização do evento. O que queremos é que a imagem do nosso representante seja removida desta festa", revela.

Devido a malhação do Judas neste ano, ser um protesto contra as posições e pregações que disseminam a homofobia e a intolerância religiosa, a organização do evento não necessita de autorização para o uso do nome e da imagem do pastor Silas Malafaia. Anualmente, durante a eleição dos indicados ao título de Judas são discutidos gestos polêmicos e problemas sociais que tenham grande impacto na vida da sociedade local.

Cultural

Segundo Cacá Araújo, o ritual é cultural e tem os personagens indicados e escolhidos pela maioria dos participantes da votação. Para ele, Silas Malafaia não foi eleito por ser pastor, mas por ser uma pessoa homofóbica de imensa expressão nacional. "Para o jure popular o pastor está cometendo uma irregularidade e disseminando o ódio contra os homossexuais", afirma.

O dramaturgo considera o pronunciamento de Daniel Batista como uma sugestão, já que pastor não dispõe de uma procuração para agir em nome de Silas Malafaia. Cacá disse que a Sociedade Cariri das Artes realizará uma reunião para discutir a proposta de desvincular a imagem do líder da igreja e a do boneco.

Mais informações:
Ministério Público
Casa de Mediação do Crato
Endereço: Rua Álvaro Peixoto-304
Bairro: São Miguel
Crato

Yaçanã Neponucena
Repórter do Jornal Diário do Nordeste

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