sexta-feira, 15 de junho de 2012

VALDIM BATISTA - DESABAFO DE UM BARBALHENSE ARRETADO


Valdim Batista



Início dos anos setenta... trezenas, leilões, parque de diversão com canoas e sombrinhas... uma festa de devoção a Santo Antônio. Barbalha reunia todo o seu povo na procissão do santo casamenteiro, sem retratos de políticos. No dia do pau da bandeira o mais distante que o povão ia era na bomba de José Nunes, em frente ao Parque Tasso Gereissat, hoje, posto de combustíveis do grupo MTD. Quem ia ao sítio São Joaquim eram somente os carregadores. Estava mais ou menos nesse ponto, quando Fabriano Livônio Sampaio, candidato único, assumiu a prefeitura da cidade. Em plena efervescência do militarismo, a resposta de que ia tudo bem com o povo brasileiro, isso depois do AI 5, trouxe uma abertura para a arte. Fabriano, conhecedor do potencial da cultura popular do Cariri, pediu aos dois maiores colégios, Santo Antônio e Nossa Senhora de Fátima, que organizassem uma gincana. Catalogando os grupos folclóricos e as comidas típicas do pé de serra da Chapada do Araripe. No dia do pau da bandeira de 1974, estavam montadas na praça do rosário as barracas Cancela e Barril, a que venceu nesse ano foi a Cancela, que conseguiu trazer a maior diversidade cultural. Contudo, permanece agonizante a vitrine do dia do pau da bandeira. De lá pra cá se passaram quase quatro décadas, e o que se nota é que essa festa está precisando de uma releitura. A cidade perdeu o domínio da festança, a decoração não é mais temática da própria festa, que celebra a colheita, o agrário. Hoje, não sei se pela transformação natural ou pela politicagem, introduziram uma conotação político partidária. Exemplo: muito gratificante a cultura do entrudo português, representada por bonecos gigantes, feitos por artistas da cidade. Que lembram nossos símbolos da cultura popular, Celene, Veloso, agostinho... Por que não fizeram Mestre Pedro Batista? Símbolo de força e devoção a Santo Antônio, que poderia está lá no lugar de Josafá, e Josafá lá em Silúmio, onde nasceu a idéia do retorno das quermesses para a rua da Igreja? Rever esses conceitos é notar que mesmo em pleno regime militar, Fabriano não utilizou da força e colocou cores ou farda para favorecer o regime. Pra que se torne bem mais parecido, falta a produção da boa música, no sistema atual.

Valdim Batista.

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