segunda-feira, 6 de junho de 2011

FESTIVAL DE QUADRILHAS DO DISTRITO ESTRELA

Barbalha estará sediando uma das etapas do Ceará Junino. O Projeto intitulado SÃO JOÃO NA ESTRELA, foi aprovado no Edital Ceará Junino da Secult, através da União das Associações de Barbalha e será desenvolvido no Distrito Estrela no período da Festa do Padroeiro São João Batista. A festa, que ao longo dos anos tem crescido muito, tem a participação maciça da comunidade que oferece aos visitantes o que tem de melhor a hospitalidade, o amor o aconchego e uma programação a altura do evento com apresentações de artistas regionais e locais tocando o autentico forró pé de serra, evoluções da nossa cultura popular (reisado de couro e de congo, pau de fitas e maneiro pau) barracas, carrossel, comidas típicas, artesanatos, pau de sebo e o XV Festival de Quadrilhas Juninas.  O Festival sob a coordenação de Francisco Demontiêr dos Santos Vieira, Panticola, Presidente da Sociedade Artistica e Cultural Engenho Velho, acontecerá nos dias 24 e 25 de Junho de 2011 na Quadra de Esportes da localidade e contará com a participação de Quadrilhas de toda Região do Cariri Cearense. As inscrições poderão ser feitas no período de 06 a 12 de Junho de 2011. Contatos: (88)9291-3191 ou (88)9648-1524. E-mail: panticola@hotmail.com.

sábado, 4 de junho de 2011

HISTÓRIA DO CORDEL

Material de autoria do Violeiro Fábio Sombra. Publicado originalmente no folheto “Proseando Sobre Cordel”.
A Origem nas Feiras Medievais
Nossa viagem em busca das origens do cordel começa na Europa, na Idade Média, num tempo em que não existia televisão, cinema e teatro para divertir o povo. A imprensa ainda não tinha sido inventada e pouquíssima gente sabia ler e escrever. Os livros eram raríssimos e caros, pois tinham de ser copiados a mão, um a um. Então, como as pessoas faziam para conhecer novas histórias?

Pois bem, mesmo nos pequenos vilarejos existia um dia da semana que era especial: o dia da feira. Nessas ocasiões, um grande número de pessoas se dirigia à cidade, e ali os camponeses vendiam seus produtos, os comerciantes ofereciam suas mercadorias e artistas se apresentavam para a multidão.

Um tipo de artista muito querido por todos era o trovador ou menestrel. Os trovadores paravam num canto da praça e, acompanhados por um alaúde (um parente antigo dos violões e violas que conhecemos hoje), começavam a contar histórias de todo tipo: de aventuras, romance de paixões e lendas de reis valentes, como o Rei Carlos Magno e seus doze cavaleiros.

Para guardar tantas histórias na cabeça, os trovadores passaram a contar suas histórias em versos. Dessa forma as rimas iam ajudando o artista a se lembrar dos versos seguintes, até chegar o fim da história.

Ao final da apresentação, o povo jogava moeda dentro do estojo do alaúde. O trovador, satisfeito, agradecia e partia em direção a próxima feira.

CURIOSIDADES SOBRE O CORDEL


Material de autoria do Violeiro Fábio Sombra. Publicado originalmente no folheto “Proseando Sobre Cordel”.

Surgem os primeiros folhetos
Com a invenção da imprensa pelo alemão Johannes Gutenberg, por volta de 1440, os livros impressos ficaram com o custo mais acessível, e mais pessoas vieram a se interessar pela palavra escrita. Foi quando os trovadores perceberam a oportunidade de aumentar seus rendimentos e passaram a oferecer também o texto impresso de seus poemas, ao final de suas apresentações.

No início, esses versos não tinham ainda o formato de livrinhos encadernados e se constituíam de folhas soltas. Por isso, em Portugal ganharam o nome de folhas volantes. Na Espanha ficaram conhecidas como pliegos sueltos e na França como lttérature dcolportage.

A tradição chega ao Brasil
Junto com os colonizadores portugueses, a tradição dos trovadores e folhetos chegou ao Brasil e aos poucos, começou a se difundir pelo interior do país. E foi no sertão do Nordeste que acabou ganhando mais força e aceitação. Apesar de está presente em nosso país desde o século XVI, somente no final do século XIX é que a literatura de cordel começou a adquirir a forma que conhecemos até hoje: livrinhos - também chamados de folhetos - encadernados e histórias contadas em estrofes de seis versos cada, a sextilhas.

E nessa mesma época surgiram os primeiros grandes mestres da literatura de cordel, como Ugolino Nunes da Costa, Germano da Lagoa e o mais conhecido de todos, Leandro Gomes de Barros (1868-1918).

De onde vem o nome cordel
Para entender a origem do nome, precisamos compreender como trabalhavam os vendedores de folhetos. Em sua eterna correria de feira em feira, viajando a cada dia para um lugarejo diferente, os vendedores tiveram de inventar uma maneira prática e barata de expor seus livros aos clientes e leitores.

Numa livraria tradicional, os livros são colocados em estantes e prateleiras. como não podem carregar esses móveis pesados com eles, os vendedores de folhetos costumam trazer em suas malas, junto com os livros, vários rolos de barbante. Ao chegar a praça do mercado, eles esticam essas cordinhas (ou cordéis) entre dois postes ou duas árvores e nelas penduram os livrinhos abertos na página central. Foi daí que surgiu o termo literatura de cordel, que conhecemos até hoje. Nos dias de vento, os vendedores prendem os livrinhos com regadores de roupa e pronto: está montada a livraria!


A figura do vendedor de folhetos

Nem sempre os livrinhos são vendidos pelo próprio poeta que os escreve. No entanto, a maioria dos vendedores de livrinhos de cordel sabe cantar e declamar os versos que vendem. para aumentar o interesse pela mercadoria, os vendedores costumam reunir uma roda de interessados e, ali, começam a declamar os versos de algum livro de sucesso.

Se o assunto é interessante, mais pessoas vão se aproximando. Quando a história chega ao momento de maior suspense, o vendedor interrompe a leitura, sorri para a multidão e pisca o olho dizendo:

- Para conhecer o final da história só comprando o livrinho!

Todos correm a comprar os folhetos. Logo após o esperto vendedor recomeça com a leitura de um novo livro e assim, nu bom dia chega a vender centenas de obras.

A aparência dos folhetos
O livrinho - o folheto - de cordel tradicional tradicional mede cerca de 10x16cm e tem geralmente 8,16 ou 24 páginas. raramente chega a 32 e raríssimos são os romances de 64 páginas. O papel é barato, bem fininho e de cor amarelada. O texto é todo em versos, quase sempre estrofes de seis versos cada uma.

Outra característica dos livros de cordel pode ser encontrada nos últimos versos de um folheto, onde o autor assina sua obra por meio de um ACRÓSTICO. O acróstico é um nome ou palavra resultante da união das primeiras letras de cada um dos versos de uma estrofe.

Os folhetos de cordel tradicional quase nunca trazem ilustrações em seu interior, mas as capas costumam mostrar gravuras feitas em xilografia.
Nessa técnica o artista reproduz o desenho a través de um carimbo de madeira, escavado cuidadosamente com canivete ou formão.

MÉTRICA, RIMA E TEMAS NO CORDEL TRADICIONAL


Material de autoria do Violeiro Fábio Sombra. Publicado originalmente no folheto “Proseando Sobre Cordel”.

Métrica e rima no cordel tradicional
Quando alguém canta ou declama versos de cordel logo se percebe o ritmo que vai se repetindo a longo da história. Esse ritmo é resultado da métrica, ou seja, os versos precisam ser construídos com o mesmo número de sílabas. No cordel, os versos possuem geralmente 7 sílabas. vamos tomar a seguinte estrofe como exemplo:

Nesse instante o magrilim
Com voz mansa e bem pausada
Disse olhando pra princesa:
- Ouça aqui, minha adorada,
Quero ver se você pode
Destrinxar essa charada.

Contando as sílabas poéticas do verso, teremos: NES-SEINS-TAN-TEO-MA-GRI-LIM = Sete sílabas.

Se transformamos as sílabas tónicas (pronunciadas com mais força) no som TUM, vamos encontrar o seguinte ritmo: TÁ-TÁ-TUM-TÁ-TÁ-TÁ-TUM = Sete sílabas. Note-se que esse ritmo segue sempre igual nos versosseguintes. Mas, as vezes, pode acontecer algo curioso. Observe-se o segundo verso: COM-VOZ- MAN-SAE-BEM-PAU-SA-DA = Oito sílabas (?).
Como é que pode? Os versos não deveriam todos ter sete silabas? Acontece que estamos falando de sílabas poéticas. Em poesia, a gente só conta as sílabas de um verso até a última tônica, aquela mais forte.

Nesse exemplo, a última sílaba tônica é AS, da palavra pausada. Portanto aquele DA que sobrou no finzinho não entra na conta, e a gente continua com sete sílabas poéticas. No início parece um pouco complicado, mas depois que o poeta grava esse ritmo na cabeça, os versos começam a surgir com grande facilidade.
Outra característica da poesia do cordel é o uso de rimas. No exemplo acima, encontram-se rimas no segundo, no quarto e no sexto verso: paus(ada), ador(ada) e char(ada). Já os versos 1,3 e 5 não precisam rimar com nenhum outro. Isso facilita a vida poética, que só precisa se preocupar em encontrar três rimas por estrofe.

Temas na Literatura de Cordel
São muitos e variados os temas encontrados no folheto de cordel. Alguns exemplos:
  • História do ciclo do cangaço;
  • Folhetos jornalísticos que falam de notícias regionais ou nacionais de grande repercussão e interesse geral;
  • Bibliografias;
  • Sátiras de cunho social ou sobre política e políticos;
  • Desafios e pelejas entre grandes violeiros;
  • Temas educativos ou de esclarecimento público, usados em campanhas de governos e prefeituras.
No entanto, os grandes campeões de vendas sempre foram mesmo os chamados romances, com narrativas de fantasia e encantamento. Esses folhetos trazem história de reinos misteriosos, localizados na Europa Medieval, na Ásia ou no Oriente. Neles, guerreiros lendários, princesas, e criaturas fantásticas adotam usos, costumes e até nomes bem brasileiros. Sendo assim, o leitor não precisa se assustar, se, num romance de cordel, encontrar o rei Carlos Magno descansando de uma batalha numa rede, aos pés de um cajueiro ou de dividindo uma rapadura com seus doze cavaleiros.

Os romances de cordel também criaram numa série de heróis populares que vencem seus inimigos através da astúcia e da esperteza, fazendo os poderosos de bolos preparando injustiças. Entre eles, os mais queridos são Pedro Malasartes, João Grilo e o Amarelo.
Desafios e Pelejas
O desafio é como uma batalha, só que travada em versos e ao som de viola. Quando dois poetas, bons de rima e improviso se encontram, daí pode surgir um desafio. O objetivo do desafio é desfazer-se do adversário, fazê-lo parecer ridículo ou abobalhado perante a platéia. No entanto, termos grosseiros, ofensas pessoais ou que envolvam a família do adversário não são bem recebidos pela família.

Ao ouvir o ataque que lhe é dirigido o adversário reage, sempre em versos rimados, desfazendo as acusações e lançando sua própria artilharia poética. Quando os adversários são experientes e talentosos, um desafio chega a durar horas e horas e se decide, geralmente, mediante uma das seguintes situações:
  1. A platéia aclama o vencedor através de gritos e palmas. Geralmente, ao final de uma saraivada demolidora de versos.
  2. Um dos adversários reconhece sua inferioridade e desiste da peleja por vontade própria.
  3. Um dos adversários não consegue encontrar resposta para alguma provocação que lhe é dirigida.
  4. Um dos adversários “empaca” e demora muito para encontrar a rima certa para seu verso.
  5. Um dos adversários apela para a violência física. Nesse caso ele é imediatamente declarado perdedor.
Para participar de um desses embates, o violeiro precisa possuir um grande domínio do ritmo e da arte de se improvisar. Pensamento rápido e jogo de cintura também não podem falar e já fizeram a fama de muitos cantadores.